Não sei bem quem ou o que sou. Ainda tento desvendar meus próprios segredos. Sempre descubro alguma coisa a meu respeito. Estou me autoconhecendo aos poucos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ERRO



Tenho certeza,
Nasci em época errada...
Considero-me inteiramente deslocada
Nesta vida metódica
Desses tempos modernos.
Não há necessidade em falar muito,
Há pouco a ser falado,
É óbvio...
O que há a se falar
Desta evolução desenfreada?
As conversas mais agradáveis
E que despertam mais atenção
São sobre o passado,
Sobre a história,
Épocas que não viví...
E como me frustra
Pensar assim...
E ter que me contentar
Em "participar"
Da "geração dos braços cruzados",
Do vazio desses novos dias.
Preocupando-me em atuar,
Em representar
Neste audacioso espetáculo
Rumo ao fim.
Neste teatro, caindo aos pedaços
Desta realidade devastadora.
E quem haverá de se negar enfim?
Este presente ausente, desta
Juventude delinquente,
Que me fez pensar assim.
Não há nada mais belo, fabuloso
Do que o som cuidadoso
Da pronúncia de outras épocas.
Havia um cuidado em que falar,
Como expressar...
Atitudes pomposas
Cheias de prosa
Um cuidado em existir...
Mas agora?
Agora não há respeito,
Nada surge efeito
E eu tenho que agir...
Procurando me encontrar
Em meio a outros artistas,
Que atuam mal, por sinal...
Pois não conseguem disfarçar
A angústia que ora surge
E que vem a alarmar:
Ou esta geração muda agora
Ou não haverá mais nada a mudar.


Cyssa Amaral

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